Dorjes |
A fase
lunar denominada Lua Negra acontece mensalmente, nos três dias que antecedem a
lua nova. Durante este período, o fino disco da lua minguante diminui até
desaparecer na escuridão da noite. Tendo em vista que a luz da lua é, na
verdade, a luz solar refletida pelo disco lunar, poderíamos dizer que a lua
negra "mostra" a verdadeira face oculta da lua.
Durante
essa fase de escuridão mensal, os povos antigos reverenciavam as Deusas
Escuras, dedicando este tempo a rituais divinatórios, de cura e transmutação.
Com o advento das sociedades patriarcais, os mistérios da Lua Negra tornaram-se
sinônimo de terror e malefícios. Incapacitados de ver ou compreender o
"desaparecimento" da Lua, surgiram lendas e superstições sobre os
demônios ou forças malignas que "comiam" a Lua. Dessa maneira, a Lua
Negra passou a representar o auge dos poderes destrutivos, vaticinando
cataclismos naturais, como inundações, tempestades ou secas e humanos, como
guerras, doenças e fome. A Lua Negra era tida como aziaga para qualquer
empreendimento, por ser considerada a lua do momento em que os fantasmas e os
espíritos malévolos perambulam sobre a Terra e as bruxas executam seus rituais
de magia negra. Atribuía-se à Lua Negra a conexão com o mundo subterrâneo por
ser regida por divindades em forma de serpente ou com serpentes nos cabelos.
Na
verdade, a Lua Negra facilita o acesso aos mundos e planos sutis e às
profundezas de nossa psique. Por isso, atualmente é considerada uma fase
favorável para trabalhos de transformação e renovação. Somente mergulhando no
nosso lado escuro, desvendando os mistérios e as sombras de nosso inconsciente,
poderemos achar os meios secretos para nossa
renovação. A Lua Negra tem o poder de criar e de destruir, de curar e de regenerar
e de descobrir e fluir com o ritmo das mudanças e dos ciclos naturais,
dependendo da capacidade individual em reconhecer e integrar sua sombra.
Ao
entrar na fase da Lua Negra, podemos presenciar a transição entre a destruição
do velho e a criação do novo. É, portanto, um período favorável para rituais de
cura, renovação e regeneração. O processo de transformação destrói os padrões
ultrapassados de condicionamento, comportamento e estruturação, liberando-nos
daquilo que não serve mais, daquilo que é limitante, impedindo nossa expansão.
Dorje da Lua Negra |
Os
objetivos dos rituais são variados e de acordo com as necessidades de cada um.
Podemos citar a remoção de uma maldição, a correção de uma disfunção, o
afastamento dos obstáculos ou das dificuldades na realização afetiva ou
profissional, a limpeza de resíduos energéticos negativos de pessoas, objetos,
ambientes, a preparação e imantação do espelho negro, entrando em contato com
os ancestrais ou com as Deusas Escuras como Hécate, Medusa, Kali, Ereshkigal,
Hel, Sekhmet, Sheelah Na Gig, Oyá
e Cailleach. As palavras-chave para esses rituais são complementação,
finalização, dissolução, introspecção, tradição, sabedoria, morte e
transmutação.
Os elementos ritualísticos são as
velas pretas para afastar a negatividade, as brancas para os novos inícios e as
vermelhas para a realização, correspondendo às três cores da Deusa e aos três
estágios da condição feminina: Idosa, jovem e adulta. Por ser a Anciã a Deusa
regente desta lua, são oferecidos no altar, em vez de flores, um xale preto,
galhos e folhagens secas, penas pretas, pelo de cachorro preto ou lobo, teia ou
a imagem de uma aranha, além de representações do poder transmutador da Serpente.
Os objetos mais importantes para o ritual da Lua Negra são o caldeirão - para
queimar e transmutar as energias negativas e o espelho negro ou bola de cristal, além de Tarot e Runas para orientação e auto conhecimento.
A meditação ao som de tambor ajuda
a mergulhar no ventre escuro da Mãe Terra, trazendo mensagens e sugestões para
a cura, a regeneração e a transformação.
Extraído com autorização da Autora
O anuário da grande mãe - Mirella Faur
Segunda Edição
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