sexta-feira, 14 de agosto de 2015

As Luas Especiais - A LUA NEGRA DA TRANSMUTAÇÃO

Dorjes

A fase lunar denominada Lua Negra acontece mensalmente, nos três dias que antecedem a lua nova. Durante este período, o fino disco da lua minguante diminui até desaparecer na escuridão da noite. Tendo em vista que a luz da lua é, na verdade, a luz solar refletida pelo disco lunar, poderíamos dizer que a lua negra "mostra" a verdadeira face oculta da lua.
Durante essa fase de escuridão mensal, os povos antigos reverenciavam as Deusas Escuras, dedicando este tempo a rituais divinatórios, de cura e transmutação. Com o advento das sociedades patriarcais, os mistérios da Lua Negra tornaram-se sinônimo de terror e malefícios. Incapacitados de ver ou compreender o "desaparecimento" da Lua, surgiram lendas e superstições sobre os demônios ou forças malignas que "comiam" a Lua. Dessa maneira, a Lua Negra passou a representar o auge dos poderes destrutivos, vaticinando cataclismos naturais, como inundações, tempestades ou secas e humanos, como guerras, doenças e fome. A Lua Negra era tida como aziaga para qualquer empreendimento, por ser considerada a lua do momento em que os fantasmas e os espíritos malévolos perambulam sobre a Terra e as bruxas executam seus rituais de magia negra. Atribuía-se à Lua Negra a conexão com o mundo subterrâneo por ser regida por divindades em forma de serpente ou com serpentes nos cabelos.
Na verdade, a Lua Negra facilita o acesso aos mundos e planos sutis e às profundezas de nossa psique. Por isso, atualmente é considerada uma fase favorável para trabalhos de transformação e renovação. Somente mergulhando no nosso lado escuro, desvendando os mistérios e as sombras de nosso inconsciente, poderemos achar os meios secretos  para nossa renovação. A Lua Negra tem o poder de criar e de destruir, de curar e de regenerar e de descobrir e fluir com o ritmo das mudanças e dos ciclos naturais, dependendo da capacidade individual em reconhecer e integrar sua sombra.
Ao entrar na fase da Lua Negra, podemos presenciar a transição entre a destruição do velho e a criação do novo. É, portanto, um período favorável para rituais de cura, renovação e regeneração. O processo de transformação destrói os padrões ultrapassados de condicionamento, comportamento e estruturação, liberando-nos daquilo que não serve mais, daquilo que é limitante, impedindo nossa expansão.
Dorje da Lua Negra

Os objetivos dos rituais são variados e de acordo com as necessidades de cada um. Podemos citar a remoção de uma maldição, a correção de uma disfunção, o afastamento dos obstáculos ou das dificuldades na realização afetiva ou profissional, a limpeza de resíduos energéticos negativos de pessoas, objetos, ambientes, a preparação e imantação do espelho negro, entrando em contato com os ancestrais ou com as Deusas Escuras como Hécate, Medusa, Kali, Ereshkigal, Hel, Sekhmet, Sheelah Na Gig, Oyá e Cailleach. As palavras-chave para esses rituais são complementação, finalização, dissolução, introspecção, tradição, sabedoria, morte e transmutação.

Os elementos ritualísticos são as velas pretas para afastar a negatividade, as brancas para os novos inícios e as vermelhas para a realização, correspondendo às três cores da Deusa e aos três estágios da condição feminina: Idosa, jovem e adulta. Por ser a Anciã a Deusa regente desta lua, são oferecidos no altar, em vez de flores, um xale preto, galhos e folhagens secas, penas pretas, pelo de cachorro preto ou lobo, teia ou a imagem de uma aranha, além de representações do poder transmutador da Serpente. 
Os objetos mais importantes para o ritual da Lua Negra são o caldeirão - para queimar e transmutar as energias negativas e o espelho negro ou bola de cristal, além de Tarot e Runas para orientação e auto conhecimento.

A meditação ao som de tambor ajuda a mergulhar no ventre escuro da Mãe Terra, trazendo mensagens e sugestões para a cura, a regeneração e a transformação.
Extraído com autorização da Autora
O anuário da grande mãe - Mirella Faur
Segunda Edição

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