terça-feira, 10 de março de 2015

As Faces da Deusa Luna

Triluna
Os estudos das antigas culturas e mitologias revelaram que a interpretação da Grande Mãe como uma deusa tríplice foi baseada no ciclo das fases da Lua para facilitar a compreensão das múltiplas qualidades e atributos do Sagrado Feminino. Poucas culturas, como o Japão e os países escandinavos, associaram a Lua a divindades masculinas. Todas as outras mitologias e tradições religiosas lhe atribuíram inúmeras deusas, comparando suas fases aos estágios da vida humana (juventude, maturidade e velhice).
O número três tem um significado sagrado desde a antiga Babilônia, simbolizando nascimento, vida e morte, inicio, meio e fim, infância, idade adulta e velhice ou corpo, mente e espírito. Várias lendas e mitos falam de três fadas madrinhas, três desejos ou três tarefas a cumprir. Aceitando-se a premissa de que a humanidade foi criada a partir da própria matriz da Deusa, é fácil compreender e aceitar sua tríplice manifestação como um padrão repetitivo de nascimento, crescimento e transformação.
A Lua é o símbolo do princípio feminino, representando potencialidades, estados de alma, valores do inconsciente, humores e emoções, receptividade e fertilidade, mutação e transmutação. As fases da Lua caracterizam aspectos da natureza feminina e representam os estágios e as transformações na vida da mulher.
A primeira face da Deusa é a Donzela, Virgem e Ninfa, correspondendo à fase entre a lua nova e a crescente. Representa a juventude, a vitalidade, a antecipação da vida, o início da criação, o potencial de crescimento, a semente do "vir a ser".
Dentre as deusas que representam a Donzela, as mais conhecidas são Ártemis ou Diana, Anu, Astrea, Atalanta, Bast, Blodewedd, Brighid, Britomartis, Chang O, Chih Nu, Eos, Hebe, Héstia ou Vesta, Iduna, Iris, Kore ou ainda Perséfone e Proserpina, Luonnatar, Maat, Maya, Melissa, Neith, Ostara, Oxum, Palias Athena ou Minerva, Oyá, Parvati, Sar-Akka, Saule e as Valquírias, entre outras.
As atividades favorecidas por estas Deusas e esta fase lunar são relacionadas a novos inícios, seja nos projetos ou empreendimentos, seja nos estudos, compras, investimentos, mudanças, viagens, relacionamentos ou plantios. Os festivais celtas correlatos são Imbolc, em 1º de fevereiro e Ostara, com a entrada do Sol no signo de Aries – o equinócio da primavera no hemisfério norte e o início do Ano Novo Zodiacal.
O aspecto de Mãe da Deusa foi o mais acessível para que a humanidade o reconhecesse, invocasse e se identificasse. A lua cheia está ligada à imagem maternal da Deusa, à mulher em toda sua plenitude, ao potencial pleno da força vital. Ela corresponde ao crescimento e amadurecimento de todas as coisas, ao ponto culminante de todos os ciclos, à semente germinada e à plenitude do caldeirão.
Nas várias tradições e religiões do mundo inteiro, existem milhares de deusas com o aspecto de Mães, reverenciadas durante milênios por todos os povos que encontraram nelas o amor, o apoio a proteção, a segurança do verdadeiro lar espiritual e o poder divino da Mãe. A palavra Ma ou Mama encontra-se em várias línguas, sempre ligada ao nome da Mãe ou das Deusas Mãe, como Ma, Mamaki, Mawu, Maat, Madder-Akka, Marzana, Mama Quilla e Mama Ocllo, Manitu, Ma Emma, Maeve, Macha, Mater, Maria, Maya, Mamaldi, Mayahuel, Pacha Mama e Yemanjá. Outras deusas Mãe conhecidas são Aditi, Astarte, Asherah, Ataensic, Badb, Ceres ou Deméter, Cerridwen, Cibele, Coatlicue, Danu, Devi, Durga, Epona, Frigga, Freya, Gaia, Hathor, Hera ou Juno, Inanna, Ísis, Ishtar, Ix Chel, Kwan Yin, Lakshmi, Mokosh, Rhea, Sarasvati, Selene, Tanit, Tara, Tiamat, Thetis, A Mulher Que Muda e a Mãe do Milho.
Os aspectos da Grande Mãe são variáveis, refletindo suas qualidades criadoras e nutridoras, sua fertilidade e flexibilidade ou seu lado guerreiro e justiceiro, mas seu ensinamento principal sempre foi o amor irrestrito e o apoio para nossa transformação.
Os festivais celtas correlatos são Beltane, em 30 de abril; o Litha, o solstício de verão no hemisfério norte e Lammas, em 1º de agosto.
O terceiro aspecto da Deusa, como Anciã, corresponde à fase da lua minguante e lua negra, sendo o menos compreendido e o mais temido. Chamada também de Mãe Escura ou Terrível, de maga, bruxa ou mulher sábia, essa manifestação nos leva para o mundo das sombras e do desconhecido. Corresponde ao lado escuro, obscuro e inconsciente do princípio feminino e, por isso, traz terror e fascínio, mostrando ao mesmo tempo a luz e a sombra, o bem e o mal, o positivo e o negativo. Representa o declínio das coisas, a diminuição da força vital, o envelhecimento, o fim do ciclo, a iniciação para os mistérios da morte e da reencarnação, a sabedoria, o recolhimento e a espera por um novo ciclo.
Cada ser humano entrará em contato mais cedo ou mais tarde com essa face escura da Grande Mãe. Não há juventude eterna; a idade traz o declínio físico, mas também a experiência, a sabedoria, o poder mágico e o desapego. A Anciã é a detentora dos registros akáshicos e é por meio dela que aprendemos a canalizar a energia para nosso crescimento espiritual, a finalizar um ciclo, a nos reciclar e a esperar que a Donzela possa iniciar uma nova fase para nosso crescimento e evolução.
A Anciã se funde com a Mãe e a Donzela, criando, assim, um ciclo contínuo contido na essência completa da Grande Mãe. Ela é tão importante quanto as outras faces, os aspectos se entrelaçando e se fundindo, um levando ao outro, pois a Grande Mãe é cada um deles e sua soma também.
A deusa, como Anciã, foi conhecida sob várias designações em diferentes tradições, fosse como a Mãe Negra, a Velha, a Sábia e a Bruxa ou como a Guardiã da Noite e dos Mortos. As deusas da Face Escura da Grande Mãe mais conhecidas são Amenti, Asase Yaa, Baba Yaga, Befana, Cailleach, Circe, Cibele, Edda, Eileithya, Ereshkigal, Goga, Gula, Haumea,Hécate, Hel, Hsi Wang Mu, Kali Ma, Mara, Morrigan, Nekhbet, Nephthys, Rhea Kronia, Sekhmet, Sedna, Scathach, Scota, Tlazolteotl, Voluspa e A Mulher Aranha, entre outras.
Os festivais celtas dedicados à Anciã são Samhain, em 31 de outubro e Yule, o solstício de inverno no hemisfério norte.
No plano individual, o ciclo das fases lunares reflete-se no fluxo das energias físicas, emocionais e mentais, passando do ritmo crescente para a plenitude e diminuindo para a introspecção, silêncio e espera. Podemos observar as fases lunares nos acontecimentos de nossa vida principalmente na fase escura no mês que antecede nosso aniversário, assim chamado "inferno zodiacal" e nos momentos de perda e dor ou “a noite escura da alma".

Ao perceber e seguir o movimento da Lua no céu, observando, reconhecendo e integrando suas três fases, poderemos nos sintonizar e alinhar com o fluxo do tempo e com os ritmos naturais. Conhecendo e usando os poderes mágicos da Lua, reverenciando as Deusas a ela Iigados criaremos condições para melhorar e transformar nossa realidade harmonizando-nos e vivendo de forma mais equilibrada, plena e feliz.


Trecho O anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Segunda Edição

Triluna 
Símbolo sagrado da Deusa Tríplice que representa suas três faces: Donzela, Mãe e Anciã.



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