Triluna |
Os
estudos das antigas culturas e mitologias revelaram que a interpretação da
Grande Mãe como uma deusa tríplice foi baseada no ciclo das fases da Lua para
facilitar a compreensão das múltiplas qualidades e atributos do Sagrado
Feminino. Poucas culturas, como o Japão e os países escandinavos, associaram a
Lua a divindades masculinas. Todas as outras mitologias e tradições religiosas
lhe atribuíram inúmeras deusas, comparando suas fases aos estágios da vida
humana (juventude, maturidade e velhice).
O número
três tem um significado sagrado desde a antiga Babilônia, simbolizando
nascimento, vida e morte, inicio, meio e fim, infância, idade adulta e velhice
ou corpo, mente e espírito. Várias lendas e mitos falam de três fadas
madrinhas, três desejos ou três tarefas a cumprir. Aceitando-se a premissa de
que a humanidade foi criada a partir da própria matriz da Deusa, é fácil
compreender e aceitar sua tríplice manifestação como um padrão repetitivo de
nascimento, crescimento e transformação.
A Lua é o
símbolo do princípio feminino, representando potencialidades, estados de alma,
valores do inconsciente, humores e emoções, receptividade e fertilidade,
mutação e transmutação. As fases da Lua caracterizam aspectos da natureza
feminina e representam os estágios e as transformações na vida da mulher.
A
primeira face da Deusa é a Donzela,
Virgem e Ninfa, correspondendo à fase entre a lua nova e a crescente. Representa
a juventude, a vitalidade, a antecipação da vida, o início da criação, o
potencial de crescimento, a semente do "vir a ser".
Dentre as
deusas que representam a Donzela, as mais conhecidas são Ártemis ou Diana, Anu,
Astrea, Atalanta, Bast, Blodewedd, Brighid, Britomartis, Chang O, Chih Nu, Eos,
Hebe, Héstia ou Vesta, Iduna, Iris, Kore ou ainda Perséfone e Proserpina,
Luonnatar, Maat, Maya, Melissa, Neith, Ostara, Oxum, Palias Athena ou Minerva,
Oyá, Parvati, Sar-Akka, Saule e as Valquírias, entre outras.
As
atividades favorecidas por estas Deusas e esta fase lunar são relacionadas a
novos inícios, seja nos projetos ou empreendimentos, seja nos estudos, compras,
investimentos, mudanças, viagens, relacionamentos ou plantios. Os festivais
celtas correlatos são Imbolc, em 1º de fevereiro e Ostara, com a entrada do Sol
no signo de Aries – o equinócio da primavera no hemisfério norte e o início do
Ano Novo Zodiacal.
O aspecto
de Mãe da Deusa foi o mais acessível para que a humanidade o
reconhecesse, invocasse e se identificasse. A lua cheia está ligada à imagem maternal da
Deusa, à mulher em toda sua plenitude, ao potencial pleno da força vital. Ela
corresponde ao crescimento e amadurecimento de todas as coisas, ao ponto
culminante de todos os ciclos, à semente germinada e à plenitude do caldeirão.
Nas
várias tradições e religiões do mundo inteiro, existem milhares de deusas com o
aspecto de Mães, reverenciadas durante milênios por todos os povos que
encontraram nelas o amor, o apoio a proteção, a segurança do verdadeiro lar
espiritual e o poder divino da Mãe. A palavra Ma ou Mama encontra-se em várias
línguas, sempre ligada ao nome da Mãe ou das Deusas Mãe, como Ma, Mamaki, Mawu,
Maat, Madder-Akka, Marzana, Mama Quilla e Mama Ocllo, Manitu, Ma Emma, Maeve,
Macha, Mater, Maria, Maya, Mamaldi, Mayahuel, Pacha Mama e Yemanjá. Outras
deusas Mãe conhecidas são Aditi, Astarte, Asherah, Ataensic, Badb, Ceres ou
Deméter, Cerridwen, Cibele, Coatlicue, Danu, Devi, Durga, Epona, Frigga, Freya,
Gaia, Hathor, Hera ou Juno, Inanna, Ísis, Ishtar, Ix Chel, Kwan Yin, Lakshmi,
Mokosh, Rhea, Sarasvati, Selene, Tanit, Tara, Tiamat, Thetis, A Mulher Que Muda
e a Mãe do Milho.
Os
aspectos da Grande Mãe são variáveis, refletindo suas qualidades criadoras e
nutridoras, sua fertilidade e flexibilidade ou seu lado guerreiro e justiceiro,
mas seu ensinamento principal sempre foi o amor irrestrito e o apoio para nossa
transformação.
Os festivais celtas correlatos são Beltane, em 30 de abril; o
Litha, o solstício de verão no hemisfério norte e Lammas, em 1º de agosto.
O terceiro
aspecto da Deusa, como Anciã,
corresponde à fase da lua minguante e lua negra, sendo o
menos compreendido e o mais temido. Chamada também de Mãe Escura ou Terrível,
de maga, bruxa ou mulher sábia, essa manifestação nos leva para o mundo das
sombras e do desconhecido. Corresponde ao lado escuro, obscuro e inconsciente
do princípio feminino e, por isso, traz terror e fascínio, mostrando ao mesmo tempo
a luz e a sombra, o bem e o mal, o positivo e o negativo. Representa o declínio
das coisas, a diminuição da força vital, o envelhecimento, o fim do ciclo, a
iniciação para os mistérios da morte e da reencarnação, a sabedoria, o
recolhimento e a espera por um novo ciclo.
Cada ser
humano entrará em contato mais cedo ou mais tarde com essa face escura da
Grande Mãe. Não há juventude eterna; a idade traz o declínio físico, mas também
a experiência, a sabedoria, o poder mágico e o desapego. A Anciã é a detentora
dos registros akáshicos e é por meio dela que aprendemos a canalizar a energia
para nosso crescimento espiritual, a finalizar um ciclo, a nos reciclar e a
esperar que a Donzela possa iniciar uma nova fase para nosso crescimento e
evolução.
A Anciã
se funde com a Mãe e a Donzela, criando, assim, um ciclo contínuo contido na
essência completa da Grande Mãe. Ela é tão importante quanto as outras faces,
os aspectos se entrelaçando e se fundindo, um levando ao outro, pois a Grande
Mãe é cada um deles e sua soma também.
A deusa,
como Anciã, foi conhecida sob várias designações em diferentes tradições, fosse
como a Mãe Negra, a Velha, a Sábia e a Bruxa ou como a Guardiã da Noite e dos
Mortos. As deusas da Face Escura da Grande Mãe mais conhecidas são Amenti,
Asase Yaa, Baba Yaga, Befana, Cailleach, Circe, Cibele, Edda, Eileithya,
Ereshkigal, Goga, Gula, Haumea,Hécate, Hel, Hsi Wang Mu, Kali Ma, Mara,
Morrigan, Nekhbet, Nephthys, Rhea Kronia, Sekhmet, Sedna, Scathach, Scota,
Tlazolteotl, Voluspa e A Mulher Aranha, entre outras.
Os
festivais celtas dedicados à Anciã são Samhain, em 31 de outubro e Yule, o
solstício de inverno no hemisfério norte.
No plano
individual, o ciclo das fases lunares reflete-se no fluxo das energias físicas,
emocionais e mentais, passando do ritmo crescente para a plenitude e diminuindo
para a introspecção, silêncio e espera. Podemos observar as fases lunares nos
acontecimentos de nossa vida principalmente na fase escura no mês que antecede
nosso aniversário, assim chamado "inferno zodiacal" e nos momentos de
perda e dor ou “a noite escura da alma".
Ao
perceber e seguir o movimento da Lua no céu, observando, reconhecendo e
integrando suas três fases, poderemos nos sintonizar e alinhar com o fluxo do
tempo e com os ritmos naturais. Conhecendo e usando os poderes mágicos da Lua,
reverenciando as Deusas a ela Iigados criaremos condições para melhorar e
transformar nossa realidade harmonizando-nos e vivendo de forma mais
equilibrada, plena e feliz.
Triluna
Símbolo sagrado da Deusa Tríplice que representa suas três faces: Donzela, Mãe e Anciã.
Trecho O anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Segunda EdiçãoTriluna
Símbolo sagrado da Deusa Tríplice que representa suas três faces: Donzela, Mãe e Anciã.
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